Se você não tem liberdade para optar entre comer ou não comer… ATENÇÃO!!! Pode ser um sinal de Compulsão Alimentar
Se deliciar com um pedaço de torta ou chocolates não é nenhum pecado. Pode até ajudar a relaxar depois de um dia estressante. Mas quando a pessoa não consegue parar de comer até que o alimento acabe e nem assim se sente satisfeito, tendo muitas vezes a impressão de ser um “saco sem fundo”, o problema pode não ser simplesmente gula.
Chamamos compulsão alimentar o distúrbio caracterizado por um excesso alimentar acompanhado de perda de controle.
A pessoa sente “urgência” em comer, um impulso incontrolável que ocorre contra a vontade e apesar dos sinceros propósitos da pessoa em se controlar.
O alvo preferido são os doces e chocolates, isso porque estimulam a produção de serotonina, substância do cérebro ligada à sensação de prazer, e com isso, alivia a depressão e a ansiedade.
Em público, os comedores compulsivos, geralmente, apresentam comportamento alimentar normal, inclusive utilizando alimentos diet. Preferem comer sozinhos já que reconhecem seus exageros e muitas vezes se envergonham disso.
Muitos comedores compulsivos relatam que a compulsão é ativada por uma variação importante do humor, como a depressão e a ansiedade. Embora nem todos consigam identificar esses gatilhos com precisão, relatam um sentimento inespecífico de tensão, que é aliviada pelo comer excessivamente. Outros descrevem que nos momentos de compulsão têm a sensação de estarem aéreos, como se saíssem um pouco de si mesmos. Grande parte desses indivíduos comem durante todo o dia, sem planejar refeições, o que explica a obesidade presente em 75% dos casos diagnosticados, além das demais patologias resultantes como por exemplo, colesterol, triglicérides, diabetes, etc.
É possível apontar como traços de personalidade comuns nesses pacientes: perfeccionismo, baixa auto-estima, impulsividade, pensamentos dicotômicos do tipo “tudo ou nada” e “total controle ou total descontrole”.
Comedores compulsivos devem ser tratados diferentemente daqueles que simplesmente “comem demais”. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado da compulsão alimentar, permitirá o controle do comportamento alimentar e possibilitará a consequente re-orientação nutricional necessária. Pode ser necessário, além da psicoterapia, o envolvimento de outros profissionais especializados como: médico, endocrinologista, nutricionista ou psiquiatra, trabalhando juntos com o objetivo de promover ao paciente um maior bem-estar.
É importante enfatizar que, qualquer tratamento que foque apenas a perda de peso mediante dieta hipocalórica será fadado ao insucesso. Mais do que isso, a perda de peso deverá ser conseqüência do auto-controle.
Devido aos fatores psicológicos desencadeantes e mantenedores da compulsão alimentar, faz-se primordial o tratamento psicoterápico. Dentre vários tipos de terapia disponíveis, a terapia cognitivo-comportamental é a que aponta melhores resultados. Trata-se de uma psicoterapia de curto prazo, que enfoca vários aspectos do problema, pensamentos distorcidos como a auto-avaliação centrada no peso e forma do corpo, baixa auto-estima, perfeccionismo, hábitos alimentares inadequados, fatores que precipitam o “ataque de comer” e os sentimentos relacionados.
A terapia leva o cliente a adquirir maior habilidade para lidar com problemas, maior auto-confiança e auto-controle, encorajamento para sair dessa condição patológica e conseqüentemente proporciona uma melhor qualidade de vida.
Três ou mais dos seguintes critérios devem estar evidentes para que seja feito um diagnóstico de Compulsão Alimentar:
-comer muito mais rapidamente do que o normal;
-comer até sentir-se incomodamente repleto;
-comer grandes quantidades de alimentos, quando não fisicamente faminto;
-comer sozinho, em razão do embaraço pela quantidade de alimento que consome;
-sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente;
-a compulsão ocorre, pelo menos, dois dias por semana, durante seis meses.
Giovanna Vasconcelos